os mitos de Prometeu

programa

O mito de Prometeu assinala, entre outros de diferentes origens, um grande marco das sociedades humanas: a manipulação do fogo. Conservado em versões distintas, como as de Hesíodo, Ésquilo e Platão, o mito de Prometeu é a tradução mitopoética grega desse grande acontecimento, elaborando, a partir dele, um relato sobre a origem da espécie humana, distinta por sua inteligência, arte, invenção e técnica, o que a obriga tanto à criação como ao trabalho. O curso analisará comparativamente as três versões mais antigas que temos dele na tradição grega, realçando semelhanças e dessemelhanças entre as narrativas épica (Hesíodo), trágica (Ésquilo) e filosófica (Platão). Programa: 1. Introdução ao mito de Prometeu: a manipulação do fogo entre o engenho e a arte. Um mito universal sobre uma condição universal? Reflexões sobre as relações entre mito, memória e história. 2. Hesíodo e a versão épica e arcaica do mito de Prometeu. O roubo do fogo da inteligência. A disputa com Zeus: uma guerra entre inteligências distintas. Epimeteu e Prometeu, duas faces de uma mesma moeda? O parto de uma nova geração de humanos. A vingança de Zeus e a misógina inclusão da mulher: Epimeteu e Pandora. 3. Ésquilo e a versão trágica do mito, Prometeu acorrentado. A punição de Zeus e a humanização de um deus transgressor. O conhecimento como queda, a inteligência como erro. 4. Prometeu acorrentado, a ambiguidade do conhecimento e dos seus feitos. A natureza de um ser artificial: o engenho e a arte, a técnica e o trabalho - o ser humano como animal poético: bênção ou maldição? força ou fraqueza? 5. A versão platônica do mito de Prometeu. Uma versão filosófica? O preenchimento do mito: a inclusão da política e da educação dentre as artes humanas. Um elogio da democracia? 6. notas reflexivas sobre a atualidade do mito de Prometeu: uma ontologia do conhecimento, da criação e da arte? Natureza e artifício. * Alexandre Costa, nascido em 1972, é doutor em Filosofia pela Universität Osnabrück, Alemanha, e professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Procura unir suas atividades acadêmicas, de caráter histórico-filosófico, com o exercício da crítica e também da criação nas áreas de cinema e teatro. Além deste, publicou cinco livros, em que sobressai sua concentração nas áreas de filosofia, literatura e teatro da Antiguidade Clássica, bem como a produção teórica e artística que explora a relação dessa Antiguidade com o mundo contemporâneo.