a linguagem é um virus
com Gabriel Bustilho
programa
poesia e inteligência artificial "A linguagem é um vírus", canta Laurie Anderson citando William S. Burroughs. Um vírus que, segundo uma teoria em A revolução eletrônica, de Burroughs, foi o responsável por dar à humanidade a linguagem: “O doutor Kurt Unruh von Steinplatz avançou uma teoria interessante quanto às origens e à história desse vírus da palavra. Parte do princípio de que a palavra era um vírus do que ele chama mutação biológica, provocando no hospedeiro uma alteração biológica que foi depois transmitida geneticamente. Uma das razões por que os macacos não podem falar é simplesmente a estrutura das suas gargantas não estar destinada a formular palavras. Ele parte do princípio de que a alteração na estrutura da garganta seria ocasionada por uma doença viral...”. Podemos dizer que, hoje, esse vírus se estende às máquinas, já que a humanidade teria transmitido a elas uma linguagem, ainda que distinta. Mas essa dádiva é também um pesadelo, e talvez não seja coincidência que o vírus de computador mais famoso seja o Cavalo de Troia, figura que transforma um presente em uma arma de destruição. Assim, é a partir da imagem desse presente destrutivo que trabalharemos, nesta oficina, a relação viral entre poesia e inteligência artificial, a partir da escrita de poemas com e contra os algoritmos. Para isso, utilizaremos algumas ferramentas de escrita de poesia baseadas em algoritmos, para, com eles, destruí-los. Gabriel Bustilho nasceu no Rio de Janeiro, em setembro de 1997. Hoje é poeta e pesquisador. Faz parte, como mestrando, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura/UFRJ, onde estuda a história do surrealismo. Além disso, integra o Núcleo Edição, do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC/UFRJ). Pela Editora Urutau, em 2020, publicou seu livro de estreia, no dia após, que foi semifinalista do Prêmio Oceanos 2021.