lendo Adão Ventura
ou o abutre como procedimento
programa
A proposta da oficina é oferecer uma imersão na poética do escritor afro-mineiro Adão Ventura (1939-2004), apresentando leituras breves e atenciosas dos seu três primeiros livros: Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul (1970), As musculaturas do Arco do Triunfo (1976) e A cor da pele (1980). Vamos observar a situação, a estrutura formal e o percurso dessas obras e o que elas dialogam/expressam/sugerem como texto da diferença, enunciado criativo, contínuo e contradiscursivo. Aqui o abutre, enquanto procedimento e modo, realiza um sobrevoo crítico e inventivo focalizando cenários, imagens, situações e tópicos polêmicos e transtemporais que, ainda hoje, nos são pertinente, como a memória e a violência (1970), a subalternidade, a ruína e a barbárie (1975) e os estatutos etno-raciais e sócio-históricos da pele (1980). Por fim, será proposto um exercício de produção em que cada participante poderá observar no voo do seu próprio abutre um modo de escrita e interpretação. * Matheus José é autor dos livros Utensílios de resiliências e flutuabilidade (Editora Primata, 2017) e Poema ou pomar em meio ao caos (Editora Primata, 2021), entre outros. Em 2022 participou da organização arquivística do poeta no Acervo dos Escritores Mineiros/FALE/UFMG. Atualmente realiza estágio no Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade/NEIA/Literafro/UFMG.